Mercado de carbono enfrenta corrida contra relógio para cumprir metas climáticas
- Anny Evangelista
- há 15 horas
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Atualizado: há 15 minutos
Nelson Rocha, presidente da CAERJ e referência no tema, destaca os desafios de credibilidade do sistema e a urgência em acelerar práticas sustentáveis diante do avanço do aquecimento global.

O mercado de carbono é um sistema econômico que atribui um valor financeiro às emissões de gases de efeito estufa, especialmente o dióxido de carbono (CO2), por meio da negociação de créditos que representam uma tonelada de CO2 equivalente evitada ou removida da atmosfera.
Esses créditos são negociados em dois tipos de mercados, o mercado regulado, em que grandes emissores, como indústrias, têm cotas obrigatórias para emissão, e o mercado voluntário, no qual empresas buscam reduzir suas emissões por iniciativa própria e compensar suas emissões adquirindo créditos gerados por projetos sustentáveis. Assim, o mercado cria um mecanismo econômico que incentiva a redução das emissões, permitindo que quem reduz mais possa vender créditos para quem ainda emite acima dos limites estabelecidos.
A lógica é simples: quem reduz suas emissões gera créditos extras que podem ser vendidos para quem ultrapassa os limites, criando um estímulo financeiro global para diminuir gases de efeito estufa.

Apesar dos avanços, o mercado ainda enfrenta desafios sérios. Lacunas regulatórias, baixa integração entre setores e escassez de padrões globais de transparência geram desconfiança, podendo criar problemas futuros sem exigências claras. “Sem exigências claras e mecanismos de confiança, teremos problemas futuros para validar e ampliar esse mercado”, completa o Presidente.
“A maior dificuldade do mercado de carbono hoje é a consolidação. Ainda falta credibilidade, sobretudo no mercado florestal” - Nelson Rocha, presidente da CAERJ.
Em relatório recente, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) aponta uma redução de 10% nas emissões globais de gases de efeito estufa, entretanto, mesmo com essa diminuição, o resultado ainda é insuficiente para alcançar o objetivo do Acordo de Paris de limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C até o final do século. O relatório destaca que para atingir essa meta, seria necessário um corte de cerca de 42% das emissões até 2030 e 57% até 2035.
As empresas desempenham um papel fundamental na aceleração da descarbonização, adotando programas para reduzir suas emissões, negociando créditos de carbono e respondendo à crescente pressão de investidores focados em critérios ESG. Essas ações impulsionam a inovação e a eficiência energética, elementos essenciais para fortalecer políticas climáticas eficazes e alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
“As empresas precisam acelerar esse processo. É preciso saber tocar o coração, isto é, o bolso, e mostrar como a economia pode ajudar a atingir os objetivos climáticos” - Nelson Rocha
Além disso, os governos têm o dever de estabelecer marcos regulatórios claros, com auditorias rigorosas e normatização para garantir credibilidade ao sistema. No Brasil, a Lei nº 15.042/2024 instituiu o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE), e o governo planeja regras detalhadas até 2026, com um plano de implementação já em andamento em cinco fases. “O Brasil precisa regulamentar sua lei de mercado de carbono. Sem organização e regulação, não avançaremos na escala necessária”, reforça Nelson.
O mercado de carbono surge como uma ferramenta crucial na luta contra as mudanças climáticas, mas enfrenta desafios importantes de consolidação e credibilidade que precisam ser superados com urgência.
A aceleração das ações por parte de empresas, alinhada a marcos regulatórios claros como o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões, é essencial para garantir que o Brasil e o mundo avancem em direção às metas do Acordo de Paris.
Como ressalta Nelson Rocha, a regulação e a efetiva implementação dessas medidas são fundamentais para que o mercado alcance a escala necessária para causar impacto real.
Apenas com o comprometimento conjunto de governos, setor privado e sociedade civil será possível acelerar a redução das emissões e garantir um futuro climático mais sustentável para as próximas gerações.










