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Rio debate aumento das exportações a partir do G20
EnComex RJ é uma realização da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços do Brasil
Desenvolvimento sustentável, investimento em tecnologia e inovação e igualdade de gênero foram alguns dos principais pontos do EnComex RJ 2024, realização da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços do Brasil (Cisbra), na última sexta-feira, no Centro do Rio de Janeiro (RJ), com transmissão online pelo YouTube. O mote do evento foi a impulsão do comércio exterior a partir do Rio de Janeiro, no ano em que o Brasil recebe o G20 – grupo de 19 países mais a União Europeia e União Africana – do qual os principais eventos oficiais e paralelos, incluindo a Cúpula de Líderes, são sediados no Rio.
Na abertura, o governador do RJ, Claudio Castro, ressaltou a importância do estado no Produto Interno Bruto (PIB, somatório das riquezas) do Brasil – segundo ele, maior do que a força do Texas na economia dos Estados Unidos -, gerando em torno de R$ 450 bilhões por ano para o país.
“O Rio é 2º maior exportador do país, tem portos de alta profundidade, é líder em turismo, em aço, em petróleo. O estado tem potenciais para agora, não para o futuro. Estamos liderando a transição energética - a única planta eólica offshore que está sendo testada no Brasil é no Rio de Janeiro - e é uma contradição porque o estado é o maior produtor de petróleo”, destacou o governador.
Representando o prefeito da capital, Eduardo Paes, o secretário municipal de Desenvolvimento Urbano e Econômico, salientou iniciativas que visam atrair novos investimentos, como o hub Porto Maravalley e a recuperação do aeroporto internacional do Galeão.
“O estado tem seus portos, suas estradas, seus acessos, mas sem um aeroporto competitivo temos dificuldade logística muito grande. A discussão era sobre regulação, segurança jurídica e organização dos nossos aeroportos. Isso resultou diretamente num aumento de cargas imediato no Galeão, na volta de aeronaves para o Rio de Janeiro”,
afirmou o secretário.
O diretor de Gestão Corporativa da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Floriano Pesaro, disse acreditar que as relações comerciais do Brasil tendem a se tornar cada vez mais fortes, e contou que o programa de internacionalização da entidade voltado às mulheres teve um aumento de atendimentos
de mais de 30% no último ano. Enquanto a presidente do Conselho de Pequenas e Médias Empresas e Startups da Federação das Câmaras de Comercio Exterior (FCCE), Renata Schuch, explicou que as políticas públicas são essenciais para que as empresas fluminenses tenham acesso aos mercados internacionais.
“O Brasil é gigante no comércio exterior, somos um dos poucos países que podem entregar limentos para o mundo, no entanto, temos outras potencialidades que precisamos mostrar lá fora, como a sustentabilidade”, atestou o diretor superintendente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/RJ), Antonio Melo Alvarenga.
Segundo ele, devemos mostrar que o agronegócio é sustentável, pois a parcela de produtores que desmata é mínima. Alvarenga disse ainda que o programa de internacionalização do Sebrae atendeu seis mil empresas ano passado.
Uma das pessoas que mais se engajaram para o Rio ser a capital do G20, Paulo Protasio, presidente da Cisbra e diretor-executivo da Autoridade de Desenvolvimento Sustentável do Estado, entende que o momento é de protagonismo para o Rio. “Nossos 92 municípios estão envolvidos nas discussões dos desafios mais relevantes do mundo. É uma oportunidade enorme”, ressaltou o idealizador do EnComex.
“O óleo produzido no Rio tem as menores pegadas de carbono do mundo, muito abaixo da média mundial”, garantiu o superintendente de Tecnologia e Meio Ambiente da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Raphael Moura. Para ele, a obrigação das petrolíferas de investir em pesquisa e inovação - uma cláusula contratual que vigora há 25 anos - alimenta o futuro do RJ.
CO²
Em 25 anos o planeta terá um aumento populacional de dois bilhões de pessoas – um número que a humanidade levou 1929 anos para atingir. “O Brasil é um dos poucos produtores capazes de atender uma demanda planetária tão grande por alimentos, e aí está nossa grande oportunidade de sermos um dos maiores exportadores do mundo”,
atestou Nelson Rocha, presidente da Câmara de Comércio e Indústria do Rio de Janeiro (Caerj). Ex-secretário de Estado do RJ de Fazenda e Gestão e Planejamento, Rocha salientou ainda que o Rio tem todas as condições de ser um hub mundial no mercado de crédito de carbono. “Os países do hemisfério norte não têm energia limpa e, para cumprir as metas de descarbonização, devem investir aqui”, afirmou Rocha.
Oportunidades G20
Existem mais de 9.400 mil oportunidades para exportadores brasileiros nos países que formam o G20, grupo de 19 países mais a União Europeia e União Africana. O mapeamento foi apresentado pela ApexBrasil no painel sobre internacionalização das empresas com a oportunidade do G20. "O G20 Brasil é uma grande oportunidade de exercermos protagonismo, trazendo para as discussões temas que nos são caros, como a diversidade e o combate à fome, à pobreza e à desigualdade”, disse Ulisses Pimenta, coordenador de Análise de Mercado da ApexBrasil que ressaltou ainda a importância do Brasil reforçar sua matriz energética limpa, aspecto relevante para a atração de investimentos. A ApexBrasil apoia quase 50 projetos setoriais com foco no G20, que representa 85% do PIB (somatório das riquezas) global.
Economia criativa
A força da economia criativa no Brasil representa 3,11% no PIB da economia nacional, maior do que indústria de automóveis. No estado do Rio de Janeiro, o PIB criativo versa sobre 4,62%, ainda maior que o nacional. “Produzimos muito mais riquezas e empregos no campo da criatividade do que em outras indústrias”, afirma a secretária de Cultura e Economia Criativo do Estado do Rio de Janeiro, Danielle Barros. Nos últimos quatro anos, a pasta saiu de R$ 100 milhões para R$ 1 bi de investimentos em fomento direto e indireto para fortalecer a economia criativa da cultura de todos os 92 municípios fluminenses.
Equidade
Na oficina temática Conquistando o Protagonismo – mulheres de sucesso no comércio exterior brasileiro, a diretora Administrativa e Financeira da Cisbra, Nathalia Xavier, apresentou dados do Sebrae que mostram que 58% dos profissionais de comércio exterior são mulheres e 54% estão em funções de alta qualificação no setor de exportação. Apesar disso, ela chamou atenção para a baixa representatividade na quantidade de empreendedoras que vendem seus produtos e serviços para o exterior. “Temos destaque em funções que exigem maior escolarização, mas apenas 14% das empresas exportadoras brasileiras são majoritariamente de empreendedoras”, afirmou.
A consultora em comércio exterior, fundadora da Colab Comex e exportadora de rochas ornamentais, Renata Pinto Ribeiro, ressaltou que é preciso valorizar a ascensão de mulheres em cargos de gestão, tanto na iniciativa privada como na esfera pública. Segundo ela, outras mulheres do setor têm que perceber que há possibilidade e espaço
para o protagonismo feminino. Para a diretora da Brazilian Chambers of Commerce for Women, Isadora Suzart, que participou de forma online dos Estados Unidos (EUA), graças ao comércio exterior é possível garantir um pouco de Brasil na América. “É comum os produtos virem do Brasil não só para atender as necessidades, mas também para nos manter ligadas à nossa cultura”, contou.
Segundo a gerente geral do Escritório de Comércio Exterior do Banco do Brasil no Rio de Janeiro, Rozana Beatriz Gomes, o baixo número de mulheres à frente de empresas foi o motivador para a criação do Primeira Exportação Mulheres no Mundo. Em parceria com a ApexBrasil - representado pela assessora do Gabinete da Diretoria de Negócios, Maira Pinto Cauchioli -, o programa oferece capacitação de forma gratuita.
Internacionalização
Ao abrir o painel sobre engajamento para internacionalização de empresas, o moderador Mario Scangarelli, diretor executivo da Cisbra, falou que a própria Câmara está sendo internacionalizada, com a criação da Cisbra Europa, Cisbra Américas e Cisbra África. “Nossa missão é fortalecer a internacionalização das empresas, por isso precisamos passar pelo mesmo processo. Trabalhamos sempre do local para o global. Tão importante quanto
vender serviços internacionais é ser internacional”, atestou.
Coordenador do G20 pelo Governo do Estado do RJ, o subsecretário de Relações Internacionais, Bruno Costa, disse que há um esforço para que a agenda de debates e reuniões inclua o interior fluminense, discutindo o que afeta o dia a dia das comunidades. O secretário falou sobre grupos de engajamento de negócios, mulheres, ciências e cidades,
entre outros; e revelou que no dia 26 de junho, haverá um grande evento sobre comércio exterior aberto ao público.
O Banco do Brasil conta com um setor específico para internacionalização das empresas, atendendo os clientes de forma customizada, com capacitação e orientação, contou o gerente de Negócios Internacionais do BB, Elthon John Leite. Presente em todos os cinco continentes, o Banco tem 117 especialistas em comércio exterior, ajuda a conectar
empresários, sendo um agente de fomento de internacionalização. No Rio, são seis especialistas. Mais de 11 mil micro e pequenas empresas (MPEs) brasileiras atuam no comércio exterior, mas os valores movimentados representam apenas 1% do total exportado pelo país. A informação foi passada pela coordenadora de Negócios
Internacionais do Sebrae-RJ, Miriam Ferraz.
Nearshoring
A Cisbra Americas aproveitou o evento para lançar o seu projeto de nearshoring (venda para mercados próximos) com o Dallas Market Center, um dos mais importantes shoppings dos EUA com mais de dois mil importadores. A ideia é aproximar as cadeias de abastecimento dos países de origem, a fim de se tornarem mais sustentáveis, resilientes e menos vulneráveis às tensões geopolíticas globais, eventos climáticos e congestionamento logístico. A iniciativa pode resgatar o fluxo de comércio entre Brasil e EUA que migrou para Ásia há duas décadas.
“Nosso objetivo é conectar exportadores qualificados no Brasil com importadores de grande escala dos EUA para estabelecer alternativas de fornecimento que tornem suas cadeias de fornecimento mais competitivas, sustentáveis, resilientes e cultural e ambientalmente corretas”, ressaltou John Cuttino, diretor de Negócios Internacionais da
Cisbra, que participou do EnComex por uma transmissão pela internet diretamente dos EUA, juntamente com os gestores do shopping americano.
A parceria da Cisbra com Dallas ajuda a promover empresas brasileiras como potenciais fornecedoras para importadores americanos em vestuário masculino, feminino e infantil, calçados, brindes, talheres, móveis, country/western/selaria, iluminação e design de interiores. Entre os dias 9 e 11 de dezembro, haverá a primeira exposição anual de nearshoring no Dallas Market Center, e a Cisbra está trabalhando para garantir a participação brasileira nesse evento.
Duimp
No último painel, a presidente do Sindicato dos Despachantes Aduaneiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindaerj) e CEO da Worldgate, classificou a implantação da Declaração Única de Importação (Duimp) como “uma mudança de paradigma fantástica”. O superintendente adjunto da 7ª Região Fiscal da Receita Federal do Brasil (RFB), Ronaldo
Feltrin, reforçou o compromisso do órgão com a facilitação e simplificação do processo de exportação. “A maior parte do tempo gasto nas exportações pelo modal aéreo é ocasionado por ineficiências no processo, o que nos atrapalha a colocar os produtos brasileiros em melhores condições de concorrência no exterior”, lamentou.
Segundo o coordenador operacional aduaneiro da RFB, Sérgio Garcia Alencar, vários fatores positivos ocorreram na Receita e nos órgãos anuentes durante esse ano e permitiram o avanço da Duimp. Pelo cronograma, a novidade só deve chegar ao Ministério da Agricultura e Abastecimento (Mapa) em 2025, embora o coordenador de facilitação do
comércio da pasta, Rafael Ribas Otoni Vigiagro, tenha garantido o total interesse do órgão em progredir com a nova declaração o quanto antes.
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